terça-feira, 9 de outubro de 2012

Segunda - Feira a poesia se espalha no Grupo Cultura Cotia!

Sem palavra para expressar as palavras que cantam, contam e amam no GCC hoje! Sim é o dia de Poesia na maratona cultural! Confira: 








O que rolou no GCC:

Contribuições maravilhosas de Andrea Rebello, Sandro Doraciotto, Willian Delearte, Renata Souza, Aysha Nur e Christian Sanchez


"Ontem as estrelas sussurravam enquanto os corpos encaixavam-se e peles absorviam suores.
O encaixe exato dos corações, o dar as mãos, entrelaçar dos dedos os gemidos e apelos.
As estrelas leram o vagão que passou falando do sertão e da Fenix
enquanto outras só queriam ouvir Jimi Hendrix."
 Andrea Rebello






Amor
O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão do ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime e selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor" - eu disse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim,
mas seu perfume não chegou a mim.

- Carlos Drummond de Andrade, in Amar se aprende amando', 24ª ed.; Editora Record, 2001.


oco de Pagu

Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-côco quando passa.
Coração pega a bater.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda a gente.

Eli Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Toda a gente fica olhando
o seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Raul Bopp.




Desalento
Sim,
vai e diz
Diz assim
Que eu chorei
Que eu morri
De arrependimento
Que o meu desalento
Já não tem mais fim
Vai e diz
Diz assim
Como sou
Infeliz
No meu descaminho
Diz que estou sozinho
E sem saber de mim

Diz que eu estive por pouco
Diz a ela que estou louco
Pra perdoar
Que seja lá como for
Por amor
Por favor
É pra ela voltar

Sim, vai e diz
Diz assim
Que eu rodei
Que eu bebi
Que eu caí
Que eu não sei
Que eu só sei
Que cansei, enfim
Dos meus desencontros
Corre e diz a ela
Que eu entrego os pontos

Vinicius de Moraes


E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Fernando Pessoa.


Bom é que não esqueçais
Bom é que não esqueçais
Que o que dá ao amor rara qualidade
É a sua timidez envergonhada
Entregai-vos ao travo doce das delicias
Que filhas são dos seus tormentos
Porém, não busqueis poder no amor
Que só quem da sua lei se sente escravo
Pode considerar-se realmente livre
Fernando Pessoa

















(ENCARNAÇÃO)

Meu Avatar é correto, discreto e pontual;

corta as ruas no sinal verde,
sorriso eterno estudado na cara,
nunca fora da faixa,
camuflando-se entre os transeuntes.

Meu Avatar poderia ser elefante,
pomba ou panda,
um pokémon criado na garrafa,

mas acostumou-se ser o simulacro em preto-e-branco
da sombra que o Sol me forja
a cada todo dia-de-preto
computado no banco
e no ponto branco das horas...

Há um instante crepuscular em que o Nada absoluto
se esvai no soluço e na fumaça do dia
e um farol se ascende em algum ponto invisível
do calejado intestino grosso,

forçando meu Avatar
explodir-se em gás
a compor o tenaz
fio das estrelas,

mas tão logo caem os anjos com buzinas a gritar no nadir
a canção ordinária que meu Avatar assovia
para não coincidir com aquela que um dia
eu compus para você dormir,

lembra? Eu também não...

Meu Avatar só engole comida rápida,
inala metano e bebe milk-shake
desde o dia que, por mágica,
deixei de ser para ser meu Fake.

Willian Delarte

(do livro "Sentimento do Fim do Mundo" - 2011, Editora Patuá)







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